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Fertilidade do solo e produtividade florestal: qual a relação?

Fertilidade do solo e produtividade florestal: qual a relação?

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Fertilidade do solo e produtividade florestal são atividades que têm relação direta nos resultados das empresas desse segmento.

Para essa percepção ficar mais clara, vale destacarmos que a produção florestal e as áreas destinadas a ela cresceram no Brasil na última década. Essa expansão ocorreu principalmente para áreas do cerrado, que costumeiramente têm solos pobres em fertilidade.

Muitas vezes também, observa-se o cultivo florestal em áreas marginais à agricultura, que não costumam ser aptas para cultivos anuais e têm menor fertilidade natural dos solos — o plantio nessas áreas pobres afeta diretamente a produtividade florestal.

O desenvolvimento recente de tecnologias aplicadas no campo (chamadas de floresta 4.0), a exemplo de materiais genéticos mais produtivos e aperfeiçoamento dos métodos de manejo na implantação e extração de árvores, promoveram ganhos de produtividade que encobrem as perdas provocadas pelos baixos teores de nutrientes no solo, mas não as eliminam.

Quer entender melhor como tudo isso funciona, na prática? Então siga a leitura deste artigo e confira tudo sobre produtividade florestal e sua relação com fertilidade do solo.

Qual a relação entre fertilidade do solo e produtividade florestal?

Você sabia que práticas de adubação e manejo da fertilidade do solo podem proporcionar incrementos de até 100% na produtividade do eucalipto e de 20% na produtividade do pinus?

Apesar dessas espécies serem mais tolerantes a condições de baixos teores de nutrientes, a responsividade à adubação é grande e garante ganhos de produtividade, bem como aumenta a longevidade da área explorada e apresenta resultados nos ciclos de produção florestal subsequentes à primeira colheita.

O desenvolvimento das plantas depende, principalmente, da disponibilidade de luz, água e nutrientes. No Brasil, país tropical com abundância de radiação e água, a fertilidade do solo acaba se tornando o maior limitante à expressão do potencial produtivo das espécies.

Para crescer, as árvores absorvem os nutrientes do solo e, quanto maior é sua disponibilidade, maior é o consumo e crescimento. 

Exemplo prático

Para se ter uma ideia, em oito anos de cultivo de eucalipto — com produção média de 22,7 t ha-1 de biomassa —, são extraídos do solo, por ano, 58,7 kg ha-1 de nitrogênio (N), 4,4 kg ha-1 de fósforo (P), 38,5 kg ha-1 de potássio (K), 65,8 kg há-1 de cálcio (Ca) e 11,7 kg ha-1 de magnésio (Mg) (SANTANA et al., 2000).

P e K são os nutrientes com maior incidência de deficiência nos plantios de eucalipto (SILVEIRA et al., 2004).

Apesar de exigido em menores quantidades, o P é um elemento cuja dinâmica no solo é complexa: possui baixa disponibilidade e alta capacidade de fixação, principalmente em solos intemperizados como os brasileiros e, por isso, a responsividade do eucalipto à adubação fosfatada é muito grande.

Em estudo feito por GAZOLA et al., 2013, eles encontraram resposta linear para o aumento do volume de madeira final em relação ao aumento das doses de fósforo: com 100 kg ha-1 de P2O5 aplicados no plantio do povoamento, houve incremento de 47,5% na produtividade.

Por que é importante realizar práticas de manejo de fertilidade?

Porque sem realizarmos as práticas de manejo de fertilidade, comprometemos os próximos ciclos produtivos na mesma área.

SILVA & BRAGA, 2015, realizaram um estudo que mostrou que em áreas cultivadas com espécies variadas de eucalipto e pinus durante 30 anos. Sem nenhuma extração de madeira ou intervenção de adubação, houve redução da saturação por bases e do pH do solo, tornando-o mais ácido, e aumento dos teores de matéria orgânica e saturação por alumínio.

Mesmo sem retirar nenhum produto florestal da área, houve redução da fertilidade do solo. Com a retirada de produtos — e se considerarmos os números de extração apresentados anteriormente —, quase 470 kg ha-1 de N são consumidos do solo em 8 anos, por exemplo.

Sem reposição dessa quantidade por meio de adubação (e outras práticas, como a manutenção dos resíduos no campo após a colheita), as reservas naturais de nutrientes são consumidas e o solo empobrecido.

Muitas áreas de plantio de eucalipto e pinus no Brasil não receberam adubação ou receberam apenas no início do cultivo na área. 

Várias rotações ocorreram desde então e, com extração contínua de nutrientes, a disponibilidade deles no solo é cada vez menor.

A perda de produtividade florestal decorrente da não-aplicação de adubos após o corte do povoamento, varia, em geral, de 40 a 60% em relação à produtividade inicial. 

Como garantir melhor produtividade ao longo da exploração da área?

Práticas consolidadas, como a calagem realizada antes do plantio florestal, são fundamentais. Além de fornecer Ca e Mg, a aplicação do calcário promove elevação do pH para teores adequados, o que aumenta a disponibilidade dos nutrientes no solo.

A aplicação de gesso agrícola, por sua vez, melhora as condições das camadas subsuperficiais do solo, o que é muito importante dada a extensão das raízes florestais.

Além disso, as práticas de adubação no momento da implantação são importantes para garantir o bom estabelecimento das mudas na área. 

Com disponibilidade de nutrientes, principalmente de N, P e K, o desenvolvimento das plantas é muito mais vigoroso.

Outras condutas a serem adotadas

Práticas de adubação de manutenção são muito importantes para garantir o suprimento contínuo de nutrientes, principalmente até o terceiro ano de manejo. Isto porque, após esse período, a participação da ciclagem de nutrientes oriunda da deposição de serrapilheira passa a contribuir para a manutenção da fertilidade do solo.

Segundo FOELKEL (2005), de 60 a 70% do N, 35 a 60% do P e 55% a 80% do K absorvidos anteriormente são devolvidos ao solo em função da ciclagem biogeoquímica da serrapilheira nas áreas de eucalipto.

No caso do pinus, também se observam bons resultados quando há adubação no 9º ano de cultivo. Nesse período, há redução gradativa da expansão da copa e início da formação da madeira adulta, o que promove a imobilização dos nutrientes no tronco e redução da devolução de nutrientes ao solo pela serrapilheira. 

MORO et al., 2016, observou que a adubação com N, P2O5 e K (70, 75 e 60 kg ha-1, respectivamente) aos 9 anos, promoveu acréscimo de 15% na produtividade do pinus colhido aos 13 anos.

Outra questão muito importante é realizar a manutenção dos resíduos da colheita no campo. Ramos e partes não aproveitados devem ser mantidos na área, pois sua decomposição irá devolver ao solo os nutrientes que os compõem e garantir resultados melhores para os próximos ciclos.

Como saber quanto aplicar de nutrientes nas áreas?

Para saber quanto aplicar de nutrientes nas áreas, é importante você acompanhar periodicamente os teores de nutrientes no solo, a fim de identificar o momento em que a queda dos teores irá ser prejudicial ao seu cultivo. 

Somado a isso, é essencial realizar análises de solo e foliares, sendo essas as melhores formas de identificar essas questões. Com base nestas informações, você poderá calcular a demanda de nutrientes em função da sua expectativa de produção. 

Dados mais apurados sobre esse cálculo podem ser encontrados nos boletins de adubação estaduais e regionais.

Apesar de existirem recomendações de adubação muito usuais no meio florestal, é importante adequar as doses à sua real necessidade e, assim, economizar com a aquisição de insumos desnecessários.

Manter o histórico dessas análises é importante para que você acompanhe a evolução e mudança das características químicas do solo ao longo do tempo, o que fornece ferramentas para identificar os retornos produtivos e econômicos gerados.

Adubar é caro, mesmo assim vale a pena na produtividade florestal?

É sempre importante registrar todos os investimentos de sua área. Sabemos que os custos de implantação de um povoamento florestal são elevados, mas a adubação costuma trazer aumentos na produtividade que cobrem esse investimento e que tornam o manejo da fertilidade uma prática interessante e com bons resultados.

Por isso, faça um comparativo entre seus custos e lucros em áreas adubadas e não adubadas: a margem de lucro oriunda de áreas com a fertilidade bem manejada costuma ser maior.

Verifique suas áreas, seus custos e mantenha o registro de suas análises de solo.

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REFERÊNCIAS

FOELKEL, C. Minerais e nutrientes das árvores dos eucaliptos: aspectos ambientais, fisiológicos, silviculturais e industriais acerca dos elementos inorgânicos presentes nas árvores. Eucalyptus Newsletter, n. 2, 2005.

GAZOLA, R.N.; BUZETTI, S.; MORAES, M.L.T.; DINALLI, R.P.; TEIXEIRA FILHO, M.C.M.; CELESTRINO, T.S. Crescimento inicial de eucalipto em função de doses de fósforo após segundo parcelamento de N e K. XXXIV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo. Florianópolis/SC. 2013.

MORO, L.; ROTERS, D.F.; CASSOL, P.C.; SIMONETE, M.A.; PRAZERES, M.S. Avaliação econômica do cultivo de Pinus submetido à adubação NPK aos 9 anos de idade no planalto sul catarinense. II Simpósio Internacional de Inovação em Cadeias Produtivas do Agronegócio. 2016.

SANTANA, R.C.; BARROS, N.F.; COMERFORD, N. B. Abouveground biomass, nutrient content and nutrient use efficiency of eucalypt plantatins growing in different sites in Brazil. New Zeland Journal of Forestry Science. V. 30, n.1, p 225-236. 2000.

SILVA, J.M.C.; BRAGA, F.A. Impacto do eucalipto e do pinus nos atributos químicos do solo. III Simpósio Mineiro de Ciência do Solo. Viçosa/MG. 2015.

SILVEIRA, R. L. V. A.; HIGASHI, E. N.; GONÇALVES, A. N. et al. Evaluation of the nutritional status of Eucalypts: visual and foliar diagnoses and their interpretation.   In:  GONÇALVES, J.L.M. ed.  Forest nutrition and fertilization. Piracicaba: IPEF, 2004. p. 85-111.


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